Produção de Saberes na Escola: Suspeitas e Apostas, uma Análise de Libâneo

A escola é um espaço de produção de saberes essencial para a formação dos indivíduos e para o desenvolvimento da sociedade. No entanto, esse processo nem sempre é eficiente ou claro, levantando suspeitas e incertezas. Como garantir que os saberes produzidos na escola sejam verdadeiramente relevantes e transformadores?

Para responder a essa pergunta, é importante olhar para as teorias de educadores e filósofos que se dedicam à análise do processo educativo. Um desses pensadores é o brasileiro José Carlos Libâneo, cujo livro Didática: velhos e novos temas apresenta uma reflexão profunda sobre a produção de saberes na escola.

Em suas análises, Libâneo destaca a importância de romper com visões ultrapassadas da didática, que se baseiam em uma concepção bancária da educação, na qual o professor é o detentor do conhecimento e o aluno é um receptor passivo. Em vez disso, ele aponta para a necessidade de uma pedagogia crítica, que busque formar sujeitos capazes de questionar e transformar a realidade.

Dois autores fundamentais para essa concepção crítica da educação, segundo Libâneo, são Paulo Freire e Karl Marx. Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido, propõe que a educação seja um processo de libertação, no qual o educador e o educando sejam sujeitos ativos do conhecimento. Já Marx, em sua teoria da dialética, mostra como o conhecimento é um processo histórico e social, e como a transformação da realidade depende de uma ação coletiva.

A partir dessas bases filosóficas, Libâneo propõe uma série de estratégias para que a produção de saberes na escola seja mais eficiente e transformadora. Ele destaca, por exemplo, a necessidade de um currículo democrático, que dê espaço para a diversidade cultural e para a reflexão crítica sobre os problemas sociais. Também aponta a importância do diálogo, da interdisciplinaridade, da avaliação formativa e da tecnologia educacional.

No entanto, Libâneo reconhece que essas apostas na didática crítica não são simples, e que há muitas suspeitas e resistências no sistema educacional. Ele cita, por exemplo, a tendência ao tecnicismo, que reduz a educação a uma transmissão de habilidades e competências, ignorando as dimensões humanas e sociais da aprendizagem. Também aponta para a ideologia da neutralidade, que sugere que a escola deve ser imparcial e neutra em relação aos conflitos e desigualdades sociais, quando na verdade ela deveria ser um espaço de questionamento e transformação dessas realidades.

Em suma, a produção de saberes na escola é um tema complexo e desafiador, que requer uma abordagem crítica e transformadora. Libâneo oferece uma reflexão profunda sobre essas questões, apresentando caminhos para uma educação mais libertadora e democrática. Cabe a nós, educadores, alunos e toda a sociedade, levar adiante essa discussão, buscando superar as suspeitas e as resistências, e apostando em uma educação verdadeiramente transformadora.